“Todos os dias vejo sorrisos, mas nenhum como o seu. Também vejo olhares, mas nenhum como o seu. Ouço risadas, nenhuma como a sua. Sinto o cheiro de perfumes ora fortes, ora fracos, mas nenhum é o seu. Converso, me distraio, mas não vejo você em lugar algum. Procuro entre as pessoas o seu rosto, suas expressões, seu andar, seu vocabulário, e nada encontro. Depois que você entrou na minha vida, tenho te procurado por todos os lugares, reais ou imaginários, tamanha a minha necessidade de ti. Nenhuma outra pessoa jamais haverá de ser tão bonita aos meus olhos, pois mesmo que isso fosse possível - e não o é - eles simplesmente admiram-se tanto com a sua imagem que mais nada conseguem ver, a não ser na tentativa desesperada de aliviar a saudade ao encontrar semelhanças suas em outrem. Mas isto também não conseguem, pois o que acontece é que, ao lembrarem dos seus jeitos e gestos, a saudade torna-se tão insuportavelmente aumentada que todos os pensamentos ficam enfurecidos com a sua ausência e tratam logo de mandar os olhos desviarem-se e os sentimentos dispersarem-se e o coração aquietar-se. É uma tentativa rápida e equivocada, mas ineficaz antes de tudo; cada vez e toda vez mais lhe amar não me dá sossego, até me tira o sono às vezes, e meus olhos não querem deixar de te procurar, meu corpo não quer contentar-se com a distância, meus pensamentos lutam entre si para preservarem as lembranças durante a maior parte do dia. E eu, passivamente, me rendo. Há tempos.”
Julia Vilabruna
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