segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."
José Saramago.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

SONETO DA HORA FINAL

Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente
O beijo leve de uma aragem fria.

Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de treva aberta em frente.

Ao transpor as fronteiras do Segredo
Eu, calmo, te direi: — Não tenhas medo
E tu, tranquila, me dirás: — Sê forte.

E como dois antigos namorados
Noturnamente triste e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte.
Montevidéu, julho de 1960

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Resíduo

De tudo ficou um pouco. Do meu medo. Do teu asco. Dos gritos gagos. Da rosa, ficou um pouco. Ficou um pouco de luz captada no chapéu. Nos olhos do rufião de ternura ficou um pouco, (muito pouco). Pouco ficou deste pó de que teu branco sapato se cobriu. Ficaram poucas roupas, poucos véus rotos, pouco, pouco, muito pouco. Mas de tudo fica um pouco. Da ponte bombardeada, de duas folhas de grama, do maço ― vazio ― de cigarros, ficou um pouco. Pois de tudo fica um pouco.
 Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A noite é sóbria e sombria, enquanto alguns dormem, outros insones imploram na beira do abismo das estrelas, se suicidam por um caos inalcançável -
talvez exista céu, e você realmente esteja lá
-espero.
John

sábado, 21 de dezembro de 2013

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…
e um dia me acabarei.
Cecília Meireles.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

"Me diga, como é viver com um pai em casa? Como é acordar com sua voz bebendo café, ouvir seu bom-dia atrasado ao serviço? Como é ter um pai entrando no quarto secretamente, para ver se finalmente dormi? Um pai que confere a extensão das cobertas e se as janelas estão fechadas? Um pai que coloca remédio de mosquito e esfrega a manga morna do pijama em minha testa? Como é ter um pai que me acompanha na consulta ao médico? Um pai que assina o boletim? Como é ter um pai perseguindo baratas pela tranqüilidade doméstica? Como é brincar com um pai: aprender a dobradura de papel de chapéu e barcos? Como é ter um pai para perguntar que horas ele voltou do trabalho? Como é empurrar um pai pelos barulhos estranhos no pátio? Como é ter um pai angustiado com a demora materna, e que me dá banho, me oferece janta e esconde sua preocupação? Como é ter um pai para segurar as lâmpadas enquanto ele sobe na escada? Como é ter um pai para se escorar enquanto ensaio a primeira sequência de passos? Como é andar de bicicleta com um pai? Observar atrás se ele me segue? Como é escutar o ronco terrível do pai e se sentir protegido? Como é ter um pai para reclamar docilmente da mãe, dizer que ela não me entende? Como é ter um pai que não me entende? Como é ter um pai para frequentar a casa dos avós no final de semana? Como é ter um pai para xingar e logo após reaver a gentileza do abraço? Um pai que estará no seu escritório, num lugar certo, a facilitar minha desculpa? Como é ter um pai para responder com confiança aos seus conhecidos como está meu pai? Um pai para me levar aos jogos de futebol e ocupar o trajeto de volta comentando o resultado? Como é ter um pai para receber presentes de aniversário, e me ajudar a retirar o papel bonito sem estragar? Como é ter um pai para sanar as dúvidas das aulas, as operações difíceis, as curiosidades sobre planetas, estrelas e bichos? Como é ter um pai mais rápido do que o dicionário e que conta o que significa tal palavra? Como é ter um pai com passado? Como é ter um pai chateado, endividado, alinhando contas do que não podemos mais gastar? Como é ter um pai com emprego novo, que não pára de falar das novidades no almoço? Como é ter um pai para pedir o carro emprestado? Um pai para inventar uma mentira e dormir fora de casa? Como é ter um pai aguardando na saída da escola? Como é ter um pai preocupado, confessando que perdeu o sono quando na verdade o esperava na madrugada? Como é ter um pai para me convencer que as dores passam, que amanhã estarei bom, que eu tive coragem? Como é ter um pai a me orientar - de um modo patético - sobre transar com segurança? Como é ter um pai beijando a mãe, sussurrando qualquer coisa que a faça rir, e eu me escondendo para que não me vejam? Como é ter um pai para sair ao cinema, e escorrer pipocas pelas suas mãos? Como é ter um pai para sentir saudade devagarinho, de um dia para outro ou por algumas horas? Como é ter um pai preocupado em fotografar a família nas férias? Como é ter um pai festejando uma promoção com jantar no restaurante predileto e só entender sua alegria? Como é ter um pai histérico, procurando seus óculos, seus livros e cartões extraviados? Como é ter um pai alegando que estava nervoso depois de uma grosseria e compreender que é o máximo que ele se aproximará de um perdão? Como é suportar um pai cantando desafinado suas músicas antigas? Como é ter um pai a me socorrer e convencer a mãe a gostar de minha namorada? Como é sentar no sofá com um pai e assistir um filme reprisado e comentar: “esse eu já vi”: e continuar assistindo a amizade de sentar ao lado dele? Como é ter um pai para ser parecido com ele? Como é ter um pai vibrando com minha aprovação no vestibular, pregando faixas na frente da residência? Como é ter um pai para procurá-lo nas centenas de poltronas da formatura? Como é ter um pai que explica que “as coisas eram diferentes no seu tempo”? Como é ter um pai que não descobriu que envelheceu porque empresto meus olhos da infância? Como é ser espetado no rosto pela barba do pai? Faz coceira, arranha? Sempre quis saber…"
- Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Eu te amei como um homem ama uma mulher que jamais tocou, para quem apenas escreveu, de quem manteve algumas fotografias. eu poderia ter te amado mais se eu tivesse sentado numa pequena sala enrolando um cigarro e ouvindo você mijar no banheiro, mas isso não aconteceu.
Bukowski

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
Carlos Drummond de Andrade

domingo, 15 de dezembro de 2013

"E então eu penso em você. Penso e adormeço. Penso e acordo. Penso e levanto. Me alegro e penso. Fico triste e penso. Quero dividir cada vitória, cada conquista, cada passo, cada derrota, cada erro, cada tudo. Isso é amor? Não sei, mas acho que é. De qualquer forma, fica ciente: nunca senti por ninguém essa imensidão que sinto por você. É o que me faz andar para a frente, o que me faz viver, o que me faz morrer, o que me faz pensar em dias mais promissores."
Clarissa Corrêa.

sábado, 14 de dezembro de 2013

"Era você quem eu procurava no escuro. Era por você que eu chamava nos meus pesadelos, porque com você sempre me senti segura. Era você quem me fazia rir ate minhas bochechas doerem. Era você que estava tatuado em minha pele. Éramos nós tudo que eu sonhava. Foi por você que vomitei borboletas mortas, para que novas pudessem nascer. Tem sido você que eu procuro em outros olhares, em outras conversas, em cada esquina, em todas as ruas, na chuva, no sol. Continua sendo você o motivo do mais belo sorriso. E eu sonho com você toda vez que fecho os olhos."
1920.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas"
- Mário Quintana.  

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Se todo alguém que ama, ama pra ser correspondido; se todo alguém que eu amo é como amar a lua inacessível, é que eu não amo ninguém. Não amo ninguém. Eu não amo ninguém, parece incrível! Não amo ninguém e é só amor que eu respiro."
- Cazuza

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

"Tem aqueles pequenos momentos tristes, no meio de uma conversa boba, de uma risada, de uma leitura, em que eu lembro de você. Descubro que eu não sei mais como respirar. Sempre foi difícil assim puxar o ar pra dentro dos pulmões? E não sei mais como me movimentar. Todo o meu corpo parece dez vezes mais pesado e mais lento. E não sei como fazer parar a dor. E não entendo que dor é essa, não sei onde começa, nem onde termina. Só sei que dói. Uma dor que não te faz gritar, mas te faz ficar em silêncio. E essa parece ser a pior. Descubro que não sei ser normal e não sei ser nada, além de saudade. A voz não sai porque tem um nó maldito na minha garganta. E não entendo como eu posso ser uma pessoa completa sem você. O que me resta e o que eu aprendi a fazer, é só ficar parada, respirando fundo e esperando esse tal momento passar. E passa. Sempre passa. Mas você não passa nunca."
- Iolanda Valentim.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

"Eu te amo como certas coisas obscuras devem ser amadas, em segredo, entre a sombra e a alma.
Eu te amo como a planta que não floresce, mas carrega em si a luz das flores escondidas. 
Eu te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Eu te amo diretamente sem problemas nem orgulho;assim que eu te amo porque não conheço outra maneira do que isso: onde não existe, nem você, tão perto que a tua mão no meu peito é minha mão, tão perto que os teus olhos perto como eu adormecer."
Pablo Neruda

domingo, 8 de dezembro de 2013

Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente!
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-as.
Se perder um amor, não se perca!…
Se o achar, segure-o!
Circunde-se de rosas e ame…
O mais é nada.
- Fernando Pessoa

sábado, 7 de dezembro de 2013

Onde anda você?

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer

E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava,onde a gente se amava
Em total solidão

Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares,que apesar dos pesares,
Me trazem você

E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Onde anda você?

Vinicius de Moraes

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

"Meu Deus, o que será que tem nesses olhos teus? O que será que tem, pra me seduzir, pra me escravizar. Não sei, e não saberei também como resistir a seu modo amar. Eu só estou sabendo, que para te amar eu viverei sofrendo. Mas já não resiste o coração, quero viver triste e então. E quando eu tiver os meus olhos chorando, saberei então seu olhar, ilusão."
Chico Buarque.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Algumas razões para que você nunca mais coma carne em sua vida:

Você conhece as estatísticas de que comer carne vermelha vai tirar alguns anos de sua vida e você provavelmente também sabe sobre a gosma rosa (se não sabe, eis aqui uma boa oportunidade!).

Se, por algum motivo, você ainda está hesitando, aqui estão sete razões pelas quais você pode querer pensar duas vezes antes de comer sua próxima porção de carne, sendo todas elas produto da exploração animal na indústria alimentícia. As informações são do Care2.


A lista abaixo esclarece que a indústria da carne é nojenta e absurda, mas também é necessário entender que não há nenhuma justificativa para se comer carne, mesmo aquela que não passou por processos industriais. O sofrimento animal é indubitável em abatedouros e não há a menor chance de se aprovar eticamente este abuso.

O que o artigo mostra são algumas consequências do próprio processo industrial da carne que, além da crueldade característica, também injeta nos animais abusados um número enorme de substâncias que nem mesmo são divulgadas.


Superbactérias


Pensando em hambúrgueres de peru para o jantar esta noite? Você pode querer pensar novamente.

Um relatório recentemente liberado da Administração de Comidas e Drogas constatou que, de todo o peru cru moído testado, 81% estava contaminado com bactérias resistentes aos antibióticos. E o peru moído não foi o único problema. Estas bactérias foram encontradas em cerca de 69% de costeletas de porco, 55% de carne moída e 39% de carne de frango.

Bactérias resistentes aos antibióticos são conhecidas como superbactérias. O uso de antibióticos em explorações de fábrica, a fim de trazer os animais para abate ou para compensar pelas condições de aglomeração em lotes de alimentação, é uma das razões pelas quais a resistência aos antibióticos está em ascensão. Os dados do governo revelaram que um tipo resistente aos antibióticos, um germe chamado Enterococcus faecalis, normalmente encontrados nos intestinos humanos e animais, foi predominante em uma grande variedade de carnes. Isto significa que a carne provavelmente entrou em contato com matéria fecal e que existe uma alta probabilidade de que outras bactérias resistentes aos antibióticos estejam na carne também.

Ainda quer comer aquele hambúrguer?

Antibióticos
Antibióticos são usados ​​em gado para fazê-los crescer mais rápido e para prevenir doenças. Mais ou menos 13,6 mil toneladas de antibióticos foram vendidos em 2011 para carnes e aves de produção em comparação com as 3,2 mil vendidas para uso humano, de acordo com o Pew Charitable Trusts – e esse número não para de aumentar.

Dr. Gail Hansen, um veterinário e diretor sênior para a Campanha sobre Saúde Humana e Agricultura Industrial da Pew, acredita que o uso de antibióticos em animais esteja fora de controle.

“Nós alimentamos antibióticos para animais doentes, o que é totalmente apropriado, mas também colocamos antibióticos na sua alimentação e na água para ajudá-los a crescer mais rápido e para compensar pelas condições anti-higiênicas. Se você tem que manter os animais saudáveis ​​com drogas, eu diria que você precisa reexaminar o sistema. Você não toma antibióticos, preventivamente, quando você sai para o mundo”, esclareceu Hansen.

Ainda quer o hambúrguer?

Produtos de limpeza
Os distritos escolares e os pais não tinham tido conhecimento de que cerca de 3,2 milhões de quilos de carne servidos em cantinas escolares vinham de pedaços de carne varridos do chão e passado através de uma série de máquinas, que os tritura em uma pasta, separa a gordura e passa a substância com amônia para matar as bactérias, como salmonela e E. coli.

O produto final, conhecido como gosma rosa, ficava nojento. Os jatos de amônia usados ​​para matar a bactéria E. coli realmente enojou a todos.

Acontece que há também outro produto de limpeza usado na produção de carne. Segundo o site MeatPoultry.com, “99 por cento dos processadores de aves americanas” esfriam seus “pássaros por imersão em banhos resfriadores com água clorada”.

Delícia.

Cola de carne

O que você acha que é um pedaço de carne, talvez um filé mignon, que muitas vezes acaba por ser composta de pedaços de carne unida em conjunto com algo comumente referido como “cola de carne.” Oficialmente conhecido como “transglutaminase”, o produto tem suas origens na indústria agrícola, quando a enzima natural era colhida do sangue animal. Hoje em dia, é produzida através da fermentação de bactérias.

A Associação de Comidas e Drogas decidiu que cola de carne é “geralmente reconhecida como segura”, e que é necessário ser listada como um dos ingredientes. No entanto, é improvável que qualquer restaurante liste os ingredientes de sua carne no menu.

Já pensou em ser vegetariano?

Produtos químicos, pesticidas e metais pesados

Em 2010, a inspeção geral do Departamento da Agricultura condenou os EUA por permitir que carne contendo pesticidas, metais pesados​​, medicamentos veterinários e outros produtos químicos fossem para as prateleiras dos supermercados. Isso porque os padrões dos Estados Unidos para testar a carne de pesticidas e produtos químicos eram tão ruins que, em 2008, o México devolveu um carregamento de carne americana, porque não satisfazia as suas normas de traços de cobre.

Que tal um hambúrguer vegetariano?

Hormônios

Se tratando da carne exportada pelos Estados Unidos, é tão cheia de hormônios que a União Europeia já disse que não a quer. O Comitê Científico da Comissão Europeia sobre Medidas Veterinárias afirma que a produção de carne cheia de hormônios dos EUA representa “um aumento nos riscos de câncer de mama e câncer de próstata”, citando as taxas de câncer em países que comem e não comem carne bovina dos EUA. Talvez você não saiba, mas os hormônios sintéticos zeranol, acetato de trembolona e acetato de melengestrol fazem parte da rotina da receita para a produção de carne bovina nos EUA.


Monóxido de carbono

Alguma vez você já se perguntou por que os bifes na prateleira do supermercado são tão vermelhos? Isso porque, até 70 por cento das embalagens de carne nas lojas são tratadas com monóxido de carbono para manter a cor vermelha da carne (oximioglobina) para que ela não fique marrom ou cinza (metamioglobina) através da exposição ao oxigênio.



Nota da Redação: Reforçando os primeiros parágrafos, não há justificativa para o consumo da carne, mesmo fora da indústria alimentícia. A vida do animal precisa ser levada tão a sério quanto a vida humana e o artigo demonstra os resultados de toda a crueldade e objetificação nos processos industriais. Este vídeo mostra como um boi, ao saber que será morto, tenta fugir desesperadamente do abate, e nestamatéria publicada pela ANDA, podemos ver as reações das pessoas ao presenciarem as situações de crueldade e brutalidade de um matadouro.
Fonte: ANDA 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

sábado, 30 de novembro de 2013

“Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!”
Augusto dos Anjos, em Psicologia de um vencido

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A montanha desabando, o oceano invadindo, o suicida jogando-se do vigésimo sétimo andar. Seriam mais silenciosos. O fogo alastrando, o céu ribombando, os cogumelos atômicos subindo e explodindo alegorias trágicas. Seriam mais silenciosos. O mudo gemendo, a perna amputada sem anestesia, a lepra corroendo os tecidos do corpo e o baque do acidente matinal do trânsito caótico. Seriam mais silenciosos - se ouvissem a minha dor que não escapa pela boca, a minha dor de quem desmorona, queima, infecciona e estilhaçado está, a minha dor de cura incerta, inexata, escapatória encurralado. A minha dor de quem escreve.
- Claudia, uma criança que só tem dedos manchados de tinta de caneta.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

"Eu te amei desde o momento em que te vi! Eu te amei por séculos nestes poucos dias que passamos juntos na terra. Agora que a minha vida se conta por instantes, amo-te em cada momento por uma existência inteira. Amo-te ao mesmo tempo com todas as afeições que se pode ter neste mundo. Vou te amar enfim por toda a eternidade."
José de Alencar

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

E do pó saiu meu sangue. Volúpia ardente que corre continuamente minhas artérias secas e dançam sobre meus pulmões cansados. Era manhã de domingo, véspera de um dia seguinte, continuação do dia anterior. Olhei por dentre os glóbulos úmidos daquele que roubei. Ele era de posses, de damas, de paletós. E eu? O que era? Era o orvalho após as noites frias de inverno. Escorregando entre as alamedas sujas e pútridas, junto com os restos do povo. Resto de gente como Ele. Deus ou nem sei mais quem, deixou-me lá, para morrer, e apoderar-me daquele detalhe sórdido não levaria uma imunda garota para o inferno. Ou atrevo-me a dizer, talvez já estivesse lá. Sobreviver as chamas ardentes de cada pedra que pisava, nadar dentre o magma rejeitado, cortar a neblina das lamúrias. Talvez o inferno neste século tenha um novo nome.
- Bruna Grunevald

sábado, 23 de novembro de 2013

“Quando eu for, um dia desses,
 Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso…”
Mario Quintana

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

“Para mim, é muito melhor compreender o universo como ele realmente é do que persistir no engano, por mais satisfatório e tranquilizador que possa parecer.”
Carl Sagan

terça-feira, 19 de novembro de 2013

“Não haveria planos, nem vontades, nem ciúmes, nem coração magoado. Se não fosse amor, não haveria desejo, nem o medo da solidão. Se não fosse amor não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você. Se não fosse amor eu já teria desistido de nós.”
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

"Eu quero te dizer que o instante de te ver custou tanto penar, não vou me arrepender só vim te convencer, que eu vim pra não morrer de tanto te esperar. Eu quero te contar das chuvas que apanhei, das noites que varei, no escuro a te buscar. Eu quero te mostrar as marcas que ganhei, nas lutas contra o rei, nas discussões com Deus. E agora que cheguei, eu quero a recompensa, eu quero a prenda imensa dos carinhos teus..."
Sem Fantasia, Maria Bethânia

domingo, 17 de novembro de 2013

METADE

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio…
Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade…
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo…
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão…
Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei…
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço…
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção…
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade… também.
-Oswaldo Montenegro   

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Meu negócio não é coisa pequena. Ou eu quero o mundo, ou não quero nada.
Charles Bukowski

terça-feira, 12 de novembro de 2013

"Fala pra ele, que ele é um sonho bom, que mudou o tom da tua vida comprida. Fala pra ele do disco do tom Jobim, do seu apelido e de mim, e chora. Ah, dindi se tu soubesses como machuca, não amaria mais ninguém. Fala pra ele que a vida é um balão, pra cuidar do seu coração. E chora. - Pra onde elas vão? - Embora… Ah, dindi se tu soubesses como machuca, não amaria mais ninguém.. Ah, dindi, se tu soubesses.. Ah, se tu soubesses.. Não contaria pra ninguém.. Fala pra ele o que nunca falou pra ninguém, pra ele também."
Cícero - Pelo interfone.

domingo, 10 de novembro de 2013

"Besteira alguém te magoar e você colocar a culpa no amor. A culpa não é dele. A culpa é de quem não soube te amar; ou sua, por ter enxergado o que não existia."
Orquídeas.

sábado, 9 de novembro de 2013

"O rádio toca canções de amor enquanto o telefone permanece mudo e as paredes seguem paradas e estáticas, e a cerveja é tudo o que há."
Bukowski, Cerveja em O amor é um cão dos diabos.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sinto ciúmes de quem pode passar o dia inteiro com você. De quem está andando na rua e de repente cruza contigo por acaso. Ciúmes de quando sei que está fazendo outra coisa que não seja me dar atenção. De ver teu sorriso sendo causado por outro alguém que não seja eu. Ás vezes penso que sou louca por te querer tanto assim. Por querer que cada partícula do teu corpo, cada ato teu, cada detalhe… Seja meu.
 Amanda Silva

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Odeio te esperar, talvez por não ter certeza se você realmente virá. Odeio o seu sorriso que me faz querer colocar suas fotos na cabeceira da minha cama me deixando fixamente envolvida nessa loucura. Odeio dar conselhos que você nem vai usar; ou nem mesmo ouvir. Odeio dormir pensando em você pra que consequentemente, meu dia seguinte nasça com um brilho especial. Odeio quando estamos tão distantes e meus pensamentos passam por uma turbulência no qual perde o foco e os sentidos. Odeio quando o dia está chuvoso e não há ninguém aqui pra me impedir de te escrever outra vez. Odeio quando escuto o som de uma música triste e me vem você na lembrança. Odeio quando na estrada, me vejo tomando involuntariamente meu caminho pra você. É verdade, eu odeio tudo isso. Odeio tudo isso por você ser a única razão pra eu acordar e enfrentar meus medos todos os dias, por você me fazer delirar, depois suspirar e outra vez acreditar que o amor vai manter você sempre perto de mim, sempre aqui. Por fazer planos impossíveis pra te ver, e antes de dormir, chorar estupidamente por falarem de você. Eu sei que você não vai reparar que eu estou no meu limite, estou numa pior, parece que a saudade esta cada vez maior. Você evoluiu muito e vejo que só sabe olhar adiante, esqueceu do que vivemos e me deixou aqui nesse canto escuro criando um abismo absurdo entre você e eu. Mas eu… Eu não desistirei de nós. Ainda que os vendavais fiquem violentos e tentem te levar pra longe de mim. Somos jovens e temos muito a aprender, eu sei, mas você sempre foi meu único destino. Então tenta entender, que eu odeio tudo isso por amar tanto você.
Layla Guimarães

domingo, 3 de novembro de 2013

Sentia vontade de chorar, mas não saía lágrima alguma. Era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existe nada pior. Acho que você sabe o que quero dizer, todo mundo, volta e meia, passa por isso, só que comigo é muito freqüente, acontece demais.
- Charles Bukowski

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

"Doer, dói sempre. Só não dói depois de morto. Porque a vida toda é um doer."
 Rachel de Queiroz

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?
Machado de Assis - Livros e Flores

terça-feira, 29 de outubro de 2013

" Eu só sei ser de você. Só sei gostar do teu sorriso. Só sei achar bonito teus olhos olhando pra mim ou ficando pequenininhos com a tua risada. Só sei querer mais do teu abraço. Só sei respirar o teu cheiro e reconhecer o teu perfume. Só sei encaixar minha cabeça em teu ombro e deitar em teu peito. E o meu silêncio só sabe ser alto quando faz companhia para o teu. Só sei segurar a tua mão, e enlaçar teus dedos nos meus. Feito laço. Só sei desejar o teu beijo antes de dormir. E pedir à Deus que te guarde para mim. Meu coração só saber ser feliz sabendo-se teu. É que eu só sei ser de você, amor. Só de você."
Plenitude.