E do pó saiu meu sangue. Volúpia ardente que corre continuamente minhas artérias secas e dançam sobre meus pulmões cansados. Era manhã de domingo, véspera de um dia seguinte, continuação do dia anterior. Olhei por dentre os glóbulos úmidos daquele que roubei. Ele era de posses, de damas, de paletós. E eu? O que era? Era o orvalho após as noites frias de inverno. Escorregando entre as alamedas sujas e pútridas, junto com os restos do povo. Resto de gente como Ele. Deus ou nem sei mais quem, deixou-me lá, para morrer, e apoderar-me daquele detalhe sórdido não levaria uma imunda garota para o inferno. Ou atrevo-me a dizer, talvez já estivesse lá. Sobreviver as chamas ardentes de cada pedra que pisava, nadar dentre o magma rejeitado, cortar a neblina das lamúrias. Talvez o inferno neste século tenha um novo nome.
- Bruna Grunevald
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