O site Portal Educação requentou uma reportagem que promete enfurecer os defensores dos animais. Publicada no último dia 15 de junho, extraída de matéria já antiga do blog Hype Science datada de 9 de março de 2010 – que por sua vez foi um resumo de reportagem do The New York Times de 2 de fevereiro daquele ano -, a matéria recomenda que tutores de cães que latem “demais” mutilem as cordas vocais dos animais para fazê-los parar de “incomodar a vizinhança”.
O título da reportagem, tal como postada no Portal Educação, é óbvio na sugestividade: “Seu cachorro late demais? Mande cortar suas cordas vocais”. A matéria começa tratando como verdadeiros encostos os cães que costumam latir muito “quando você chega em casa, quando você sai de casa, quando o jogo de futebol está passando e quando alguém respira no apartamento ao lado”, “incomodando todo mundo”.
E para o “problema” do cão que está exercendo seus instintos, é apresentada a “solução”, inclusive sugerindo que o tutor minta sobre a mutilação: “Ele está incomodando todo mundo e você quer acabar com o latido do cachorro? Então mande um veterinário cortar as cordas vocais do bicho. E, quando perguntarem porque seu cachorro é “rouco”, você pode dizer que ele está com dor de garganta, para não pegar mal.”
Fala-se que moradores de apartamentos “muitas vezes precisam mandar seu cachorrinho para a cirurgia” e também que traficantes de drogas também mandam fazer a mutilação das cordas vocais para que seus cães ataquem de surpresa.
Ironicamente, a própria reportagem avisa, acabando por confessar que está recomendando algo que mesmo a maioria dos veterinários já considera antiético e muitas pessoas consideram, com razão, desumano:
“Obviamente, há várias pessoas que são contra o procedimento, dizem que é desumano tirar o meio de comunicação de um bichinho só para a conveniência de seu dono [sic]. A maioria dos veterinários não realiza a operação, por não achar ético. E os poucos profissionais que fazer a cirurgia não saem por aí fazendo propaganda disso.”
E fala da “simplicidade” da cirurgia antes de encerrar dizendo que “como a cicatrização da garganta pode comprometer a respiração do mascote, muitas vezes ele precisa ser submetido novamente à mesa de cirurgia”.
Reportagens assim tratam os cães como verdadeiras propriedades de seus tutores, os quais teriam o poder de violar o corpo dos animais como bem entendessem. Como sendo propriedade, os cães podem ser mutilados conforme os mais desnecessários e mesquinhos interesses, desde por estética (o que já é proibido) até para se livrar do “incômodo” de ver o cão, muitas vezes mal criado e acostumado a situações de estresse, exercendo os instintos que a situação do momento lhes demanda.
Trata-se do mais autêntico especismo, uma vez que as mesmas pessoas que recomendam a mutilação do cão jamais fariam um conselho semelhante com crianças que gritam muito ou nem mesmo com criminosos presos por proferir discursos de ódio.
Protestos devem ser enviados nos comentários da reportagem no Portal Educação e de sua fonte em português, o Hype Science. Recomenda-se que demandem a deleção da reportagem nos dois locais.
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