sábado, 30 de novembro de 2013

“Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!”
Augusto dos Anjos, em Psicologia de um vencido

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A montanha desabando, o oceano invadindo, o suicida jogando-se do vigésimo sétimo andar. Seriam mais silenciosos. O fogo alastrando, o céu ribombando, os cogumelos atômicos subindo e explodindo alegorias trágicas. Seriam mais silenciosos. O mudo gemendo, a perna amputada sem anestesia, a lepra corroendo os tecidos do corpo e o baque do acidente matinal do trânsito caótico. Seriam mais silenciosos - se ouvissem a minha dor que não escapa pela boca, a minha dor de quem desmorona, queima, infecciona e estilhaçado está, a minha dor de cura incerta, inexata, escapatória encurralado. A minha dor de quem escreve.
- Claudia, uma criança que só tem dedos manchados de tinta de caneta.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

"Eu te amei desde o momento em que te vi! Eu te amei por séculos nestes poucos dias que passamos juntos na terra. Agora que a minha vida se conta por instantes, amo-te em cada momento por uma existência inteira. Amo-te ao mesmo tempo com todas as afeições que se pode ter neste mundo. Vou te amar enfim por toda a eternidade."
José de Alencar

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

E do pó saiu meu sangue. Volúpia ardente que corre continuamente minhas artérias secas e dançam sobre meus pulmões cansados. Era manhã de domingo, véspera de um dia seguinte, continuação do dia anterior. Olhei por dentre os glóbulos úmidos daquele que roubei. Ele era de posses, de damas, de paletós. E eu? O que era? Era o orvalho após as noites frias de inverno. Escorregando entre as alamedas sujas e pútridas, junto com os restos do povo. Resto de gente como Ele. Deus ou nem sei mais quem, deixou-me lá, para morrer, e apoderar-me daquele detalhe sórdido não levaria uma imunda garota para o inferno. Ou atrevo-me a dizer, talvez já estivesse lá. Sobreviver as chamas ardentes de cada pedra que pisava, nadar dentre o magma rejeitado, cortar a neblina das lamúrias. Talvez o inferno neste século tenha um novo nome.
- Bruna Grunevald

sábado, 23 de novembro de 2013

“Quando eu for, um dia desses,
 Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso…”
Mario Quintana

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

“Para mim, é muito melhor compreender o universo como ele realmente é do que persistir no engano, por mais satisfatório e tranquilizador que possa parecer.”
Carl Sagan

terça-feira, 19 de novembro de 2013

“Não haveria planos, nem vontades, nem ciúmes, nem coração magoado. Se não fosse amor, não haveria desejo, nem o medo da solidão. Se não fosse amor não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você. Se não fosse amor eu já teria desistido de nós.”
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

"Eu quero te dizer que o instante de te ver custou tanto penar, não vou me arrepender só vim te convencer, que eu vim pra não morrer de tanto te esperar. Eu quero te contar das chuvas que apanhei, das noites que varei, no escuro a te buscar. Eu quero te mostrar as marcas que ganhei, nas lutas contra o rei, nas discussões com Deus. E agora que cheguei, eu quero a recompensa, eu quero a prenda imensa dos carinhos teus..."
Sem Fantasia, Maria Bethânia

domingo, 17 de novembro de 2013

METADE

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio…
Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade…
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo…
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão…
Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei…
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço…
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção…
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade… também.
-Oswaldo Montenegro   

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Meu negócio não é coisa pequena. Ou eu quero o mundo, ou não quero nada.
Charles Bukowski

terça-feira, 12 de novembro de 2013

"Fala pra ele, que ele é um sonho bom, que mudou o tom da tua vida comprida. Fala pra ele do disco do tom Jobim, do seu apelido e de mim, e chora. Ah, dindi se tu soubesses como machuca, não amaria mais ninguém. Fala pra ele que a vida é um balão, pra cuidar do seu coração. E chora. - Pra onde elas vão? - Embora… Ah, dindi se tu soubesses como machuca, não amaria mais ninguém.. Ah, dindi, se tu soubesses.. Ah, se tu soubesses.. Não contaria pra ninguém.. Fala pra ele o que nunca falou pra ninguém, pra ele também."
Cícero - Pelo interfone.

domingo, 10 de novembro de 2013

"Besteira alguém te magoar e você colocar a culpa no amor. A culpa não é dele. A culpa é de quem não soube te amar; ou sua, por ter enxergado o que não existia."
Orquídeas.

sábado, 9 de novembro de 2013

"O rádio toca canções de amor enquanto o telefone permanece mudo e as paredes seguem paradas e estáticas, e a cerveja é tudo o que há."
Bukowski, Cerveja em O amor é um cão dos diabos.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sinto ciúmes de quem pode passar o dia inteiro com você. De quem está andando na rua e de repente cruza contigo por acaso. Ciúmes de quando sei que está fazendo outra coisa que não seja me dar atenção. De ver teu sorriso sendo causado por outro alguém que não seja eu. Ás vezes penso que sou louca por te querer tanto assim. Por querer que cada partícula do teu corpo, cada ato teu, cada detalhe… Seja meu.
 Amanda Silva

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Odeio te esperar, talvez por não ter certeza se você realmente virá. Odeio o seu sorriso que me faz querer colocar suas fotos na cabeceira da minha cama me deixando fixamente envolvida nessa loucura. Odeio dar conselhos que você nem vai usar; ou nem mesmo ouvir. Odeio dormir pensando em você pra que consequentemente, meu dia seguinte nasça com um brilho especial. Odeio quando estamos tão distantes e meus pensamentos passam por uma turbulência no qual perde o foco e os sentidos. Odeio quando o dia está chuvoso e não há ninguém aqui pra me impedir de te escrever outra vez. Odeio quando escuto o som de uma música triste e me vem você na lembrança. Odeio quando na estrada, me vejo tomando involuntariamente meu caminho pra você. É verdade, eu odeio tudo isso. Odeio tudo isso por você ser a única razão pra eu acordar e enfrentar meus medos todos os dias, por você me fazer delirar, depois suspirar e outra vez acreditar que o amor vai manter você sempre perto de mim, sempre aqui. Por fazer planos impossíveis pra te ver, e antes de dormir, chorar estupidamente por falarem de você. Eu sei que você não vai reparar que eu estou no meu limite, estou numa pior, parece que a saudade esta cada vez maior. Você evoluiu muito e vejo que só sabe olhar adiante, esqueceu do que vivemos e me deixou aqui nesse canto escuro criando um abismo absurdo entre você e eu. Mas eu… Eu não desistirei de nós. Ainda que os vendavais fiquem violentos e tentem te levar pra longe de mim. Somos jovens e temos muito a aprender, eu sei, mas você sempre foi meu único destino. Então tenta entender, que eu odeio tudo isso por amar tanto você.
Layla Guimarães

domingo, 3 de novembro de 2013

Sentia vontade de chorar, mas não saía lágrima alguma. Era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existe nada pior. Acho que você sabe o que quero dizer, todo mundo, volta e meia, passa por isso, só que comigo é muito freqüente, acontece demais.
- Charles Bukowski