sábado, 1 de dezembro de 2012

A brutalidade travestida de arte: exposições cruéis causam indignação

Duas exposições realizadas no Brasil, nas últimas semanas, têm causado repulsa e indignação. Uma delas é a mostra de banners na estação 1º de Maio do metrô, em Belo Horizonte, assinada por Rodrigo Braga, que estampa a mutilação de animais mortos e outros vivos em suas fotografias.

Cruel e de extremo mau gosto, a exposição mostra um burro enterrado vivo com a cabeça para fora e ainda várias interações do pretenso artista com partes de animais como cabeças de peixes e chifres de outros animais.

Rodrigo alega que em relação a três fotografias,  “as partes orgânicas em questão foram coletadas a partir de animais já mortos em circunstâncias anteriores e alheias à sua vontade, sendo estas parte de hábitos humanos instaurados universalmente, que envolvem o consumo alimentar humano”, disse em comunicado enviado à redação da ANDA.

Em seu site, Rodrigo ainda traz vídeos que mostram animais em diversas situações de maus-tratos, consideradas, minimamente,  cruéis. Um exemplo é o vídeo intitulado “Vontade”, onde dois canários, um vivo e um morto, são amarrados juntos. O passarinho vivo tenta, desesperadamente, soltar a amarra que o prende ao outro canário, que o impossibilita de voar.

Na visão inconsciente do pernambucano Rodrigo Braga não há nenhuma forma de crueldade. “O vídeo intitulado “Vontade” (2007), apresenta dois pássaros nascidos e criados originalmente em cativeiro (canários), adquiridos em feira pública e legalizada.  “A amarração a outro animal semelhante vivo foi realizada com cordão de algodão macio e sem tensão local na pata do animal”, explica ele como se o tipo de cordão descaracterizasse os maus-tratos a que o pobre canário foi submetido.

Rio de Janeiro

Outra exposição que tem gerado revolta é uma parceria entre dois artistas brasileiros, o gaúcho Daniel Acosta e o carioca Daniel Murgel, que expõe no Rio de Janeiro, ‘O Sacrifício pela vida na guarita (SACREDFISHYOUSYSTEM)’, em cartaz desde o último dia 26, na  Sala A Contemporânea do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil).

O título da mostra recebe uma tradução livre com a palavra sacrifício transformada em sacredfishyou (sagrado+peixe+você), em que you (você) pretende levar o público para dentro de um sistema.

 
 Projeto visa retirar água de aquários para irrigar plantas, enquanto peixes morrem
(Arte: Divulgação)

A “brilhante” ideia dos dois apresenta duas guaritas de isopor suspensas em cantos opostos da sala. Dentro delas, muitas plantas e lâmpadas piscam constantemente como alarme. As plantas são irrigadas por um mecanismo que retira água de dois aquários com peixes, colocados sobre o piso, que são lentamente esvaziados por um sistema hidráulico. Com o tempo, os peixes ficam sem água e morrem asfixiados lentamente. O (des)propósito da obra, segundo eles é mostrar que a vida das plantas significa a morte dos peixes.

A obra, que deveria ser considerada um crime, parte de uma premissa absurda e cruel, o que a torna estúpida e sem significado.

Entre as questões citadas por Acosta e Murgel estão um sistema de segurança que prende, cerca e isola as pessoas, as luzes que geram tensão, o mato que cresce nas guaritas e a ideia de ruína. Podemos traduzir o ponto de ruína a partir, exatamente, da ideia de protesto atrelado à morte de peixes, violenta e bárbara, tomadas como obra de arte nesta exposição.

Vîolência travestida de arte

O fato absurdo de tais ações serem consideradas formas de arte só demonstra que a sociedade vê os animais como simples objetos. Dar espaço a estas pessoas, neste tipo de atividade, é uma apologia à brutalidade.

Abrigar exposições que maltratam e assassinam animais é apoiar e incentivar o desrespeito à vida. Este tipo de “arte” está a serviço da violência, contra a qual a sociedade diz combater.


Nota da Redação: É inaceitável que duas instituições de respeito e credibilidade como o Metrô e o Centro Cultural Banco do Brasil abriguem essas propostas. Que arte é essa que tortura e mata animais? Onde pode haver protesto artístico se a própria expressão reforça e incentiva o que supostamente está sendo criticado? Que arte é essa que distorce o conceito de direito  à vida e à liberdade a ponto de justificar a exploração e a mediocridade? A arte deve ser um veículo de inspiração e fomento à consciência e não de morte e violência. Se fossem utilizados, na mesma proposta, corpos humanos doados legal e voluntariamente, quais seriam as reações dessa curadoria? Se, em vez de animais fossem usadas partes de crianças, essas exposições teriam encontrado apoio e espaço? Enquanto não for compreendido por todos a igualdade de direitos entre animais humanos e  não-humanos e ainda restarem dúvidas sobre o dever de respeito à vida, em qualquer instância,  exposições como essas serão aceitas, aprovadas e premiadas pela sociedade, atestando a ignorância de alguns em detrimento da consciência de outros.



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